Deuterocanônico: refere-se a alguns livros e partes de livros religiosos que a partir do concílio católico de Trento em 1546, foram adicionados pela igreja romana aos canônicos já existentes ao que passou-se a afirmar serem também inspirados por Deus, sendo, porém considerados apócrifos no Judaísmo e pelos Protestantes, sucessores de Lutero e Calvino no século XVI.
Os livros apócrifos nunca fizeram parte do Cânon Sagrado dos judeus, isto é, na Bíblia hebraica, até hoje. Esses livros e alguns outros aparecem na Septuaginta. A Bíblia hebraica, a inda hoje, está dividida em três partes: Lei, Hagiógrafos (Escritos Sagrados) e Profetas. Segundo Josefo, era essa a divisão da Bíblia do primeiro século. Essa mesma divisão aparece em Lucas 24.44, sendo que Salmos representam os Hagiógrafos. Nesse Cânon não constam os apócrifos.
A palavra apócrifo vem do grego apochriphos e significava escondido, impuro, espúrio (não legítimo). Em 1546, o Concílio de Trento, convocado pela Igreja Católica, oficializou definitivamente a inclusão, na Bíblia, de sete livros e quatro acréscimos aos livros canônicos, como seguem: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, 1 e 2 Macabeus.
Durante algum tempo os deuterocanônicos não se restringiam apenas ao Antigo Testamento, alguns dos primeiros reformadores protestantes teria considerado apócrifos também livros (Hebreus, Tiago, Judas, 2 Pedro, 2 e 3 João e Apocalipse) e o trecho final do livro do Evangelho de Marcos, mas que logo veio o reconhecimento. No Brasil, na tradução de Almeida do ano de 1681, já constavam os livros de Hebreus, Tiago, Judas, 2 Pedro, 2 e 3 João e Apocalipse, o que evidencia que antes de 1681, as bíblias protestantes europeias já consideravam os livros supracitados como inspirados. Outra referencia dos livros citados acima nas bíblias protestantes é a bíblia King James do ano 1769.
I - Acréscimo
Ao livro de Ester (10:4;16:24); Cântico dos três Santos Filhos ao livro de Daniel, de (3:24-90); História de Suzana ao livro de Daniel (capítulo 13); Bel e o Dragão ao livro de Daniel (capítulo 14).
Esses livros e acréscimos foram denominados de deuterocanônicos: (segundo cânon) pelo referido Concílio, para dar-lhes a legitimidade que até então não possuíam. A primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII.
2 - Diferenças de Nomes dos Livros
A lista dos livros da Bíblia Católica comporta 46 (45, se contarmos Jeremias a Lamentações juntos) escritos para o Antigo Testamento a 27 para o Novo:
1. — Gênesis |
2. — Exodo |
3. — Levítico |
4. — Números |
5. — Deuteronômio |
6. — Josué |
7. — Juízes |
8. — Rute |
9. — 1 Samuel |
10. — 2 Samuel |
11. — 1 Reis |
12. — 2 Reis |
13. — 1 Crônicas |
14. — 2 Crônicas |
15. — Esdras |
16. — Neemias |
17. —Tobias |
18. — Judite |
19.— Ester |
20. — 1 Macabeus |
21. — 2 Macabeus |
22. — Jó |
23. — Salmos |
24. — Provérbios |
25. — Eclesiastes (ou Coélet) |
26. — Cântico dos Cânticos |
27. — Sabedoria |
28. — Eclesiástico (ou Sirácida) |
29. — Isaías |
30. — Jeremias |
30. — Jeremias |
31. — Lamentações |
32. — Baruc |
33. — Ezequiel |
34. — Daniel |
35. — Oséias |
36. —Joel |
37. — Amós |
38. — Abadias |
39. — Jonas |
40. — Miquéias |
41. — Naum |
42. — Habacuc |
43. — Sofonias |
44. — Ageu |
45. — Zacarias |
46. — Malaquias |
(“Catecismo da Igreja Católica” , Edição Típica Vaticana, Editora Vozes a Edições Loiola, SP 1999, p. 43).
Portanto, a Bíblia católica tem 46 livros no Antigo Testamento (7 apócrifos) a 27 no Novo Testamento, perfazendo um total de 73 livros, diferentemente da Bíblia protestante, que tem 39 livros no Antigo Testamento a 27 no Novo Testamento, somando 66 livros.
Em algumas edições católicas há diferenças de nomes dos livros:
Edição Católica |
Edição Protestante |
1 Reis |
1 Samuel |
2 Reis |
2 Samuel |
3 Reis |
1 Reis |
4 Reis |
2 Reis |
1 Paralipômenos |
1Crônicas |
2 Paralipômenos |
2 Crônicas |
1 Esdras |
Esdras |
2 Esdras |
Neemias |